Quando você me encontrou, já não havia nada para achar.
A dor já tomava conta de mim,
meu coração — que foi partido um milhão de vezes —
já quase não batia mais.
Mas, quando olhei nos seus lindos e tristes olhos negros,
eu entendi que talvez eu quisesse ser vista especialmente por aqueles olhos.
Não mais por nenhum outro.
E eu, já acostumada a mergulhar em mares rasos,
mergulhei no mar mais profundo que já vi —
um mar de sentimentos que jamais imaginei que poderia me afogar,
mesmo sem saber nadar.
Mas eu me afoguei.
Você me deixou afogar.
Eu, no fundo, mesmo, eu fiquei.
Mas, da mesma forma que você era meu mar,
eu fui mar para você.
E você teve medo de mergulhar.
Mas, ao olhar para o fundo,
nossos olhares — feitos da mesma escuridão e dor —
se encontraram novamente.
E você, sem pensar, mergulhou.
Me trouxe à superfície.
Se fez abrigo.
Se tornou meu lar.
Por Simone Salino