Cantti

Incendeie o salão

Ecoam as notas de um piano sujo,
no salão onde descansa o mestre.
Rupestres pinturas em exibição
nas paredes do grande salão.

 

O chão, tingido de um carmesim de sangue,
foi vertido pela sua mão neste vasto salão.
Neste salão havia lamparinas brilhantes,
diamantes cravejavam o lustre mais exuberante.

 

O grande salão era o preferido do mestre,
convidava as damas das casas distantes,
tantas amantes que pareciam uma peste.
Na mansão não pisava homem que preste.

 

As janelas do salão eram gigantes,
largas como os ombros dos servos do patrão.
A livraria da mansão era quase pedante,
rasa como a alma do dono do salão.

 

Havia também tochas enfileiradas no salão,
e um dia uma delas caiu no chão.
A fantasia de um incêndio na mente do patrão
o levaria a parar seu próprio coração.

 

A fusão da brasa com os tapetes de linha,
a confusão das que limpavam cada poeirinha,
a concussão do mestre que se traumatizaria.
Mas que alegria!
No grande salão, isso não se via todo dia!