Sua vida não lhe pertence.
Lá vem ela, descabelada,
Doente, as contas atrasadas.
A operária zumbi vaga.
Os senhores urram: \"Absurdo!
Atrasou dois minutos! Demitam-na!\"
A operária zumbi vaga.
Sem dinheiro, com dívidas, infeliz.
Os filhos choram, pequenos, perguntando:
\"Quando poderemos comer?\"
A operária conforta num sussurro:
\"As coisas vão melhorar, meus filhos!\"
E mais uma vez a cena se repete.
Lá no fundo da fábrica,
Vaga a operária,
Em busca das migalhas de seus senhores.