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Caro poeta,
Não me prendo à formalidade barata ou à literalidade pobre, e quando a ti digo que é caro, quero mesmo dizer que é precioso e de alto valor.
Aprendo contigo a cada palavra e a cada verso seu eu me transformo, você me ensina, e é admirável a sua fluidez em crônica com a perfeita rima; em sua escrita eu me amoldo; seu destino é transformar as pessoas e o mundo, tocando as emoções num lirismo profundo, superando as razões, é sua sina. Aprendo contigo!
Contigo percebi que ser poeta é aderir à liberdade sem os limites do impossível, é contemplar o universo na palma da mão e equilibrar o céu para que não caia no chão...
Aprendi que ser poeta é ser o próprio criador sem parecer pretencioso, é reduzir as distâncias num piscar de olhos, sem transparecer poderoso e é fazer de qualquer olhar um portal para toda fuga necessária para salvaguardar a inspiração, tridimensionando o imponderável num simples verso, garantindo o porvir, as lembranças e para sempre o presente...
Da sua escrita universos se expandem e se expandiram! O movimento flui do seu poema estático, a paralisia contemplativa se evidencia na fluidez do seu poema cinético e abstratamente se abstrai na sedosa concretude do poema concreto. Da sua escrita universos se expandem...
E do cotidiano você extrai a fantasia que detalha a simplicidade que nos emociona, com a sutileza e singeleza da palavra acessível e democrática, com sabor, cheiro, formas e impactos. Aprendo contigo!
Sabe gritar a indignação que arranca de todo leitor o chão, fazendo cair na imensidão do vazio aqueles que não sabem voar, e ofertando constelações e cometas a quem se permite o sublime e que sonham ser universos e exclamações...
Contigo faço contos e contas em estrofes matemáticas de perfeita métrica... Contigo apronto proezas! Contigo enlaço pontos e pontas de linhas mágicas em perfeita estética... Contigo aprendo a beleza!
Caro poeta, aprendi com seu verbo a melhor ação de amor, em possibilidades que não mais me constrangem, pois a poesia não precisa apenas dizer, pois também toca na imprecisão da letra, sem se prender a sentidos... Uma poesia não precisa ser precisa, nem precisa ter razão. Mas sem emoção é mero poema!
Reafirmo, por derradeiro, nesta carta singela, que não me contenho na moda que castra, pois quero emoções não conhecidas, e não me provenho com a limitação que me mata, pois vislumbro dimensões ainda não vividas, e quando a ti digo que é caro, quero mesmo dizer que é precioso e de alto valor.
Nesses breves dizeres digo um pouco do meu carinho, da minha admiração e da minha gratidão.
Do seu amigo
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