Numa dessas noites —
daquelas que chegam sem avisar,
eu deixo o pudor em silêncio,
desfaço as armaduras invisíveis,
e me entrego inteira, sem mapas,
no abraço onde me perco e me acho.
Sede de ti, chama que arde,
um fogo que não se doma,
que transborda a razão,
que inventa loucuras e fantasias
e faz da penumbra nossa morada secreta.
No escuro, o calor dos beijos fala,
mistura saliva, suspiros e um toque de desejo,
guiados por mãos que sabem os atalhos
e pensamentos que dançam sem palavras.
Não sou mais a amante contida,
sou a amiga que provoca,
a cúmplice que se rende,
a alma que insiste em ser inteira —
sem medo do que a noite fará de nós.
Quando a paixão invade a porta,
a razão, essa fugitiva,
escapa pela janela,
e tudo vira um improviso de corpos,
feito das verdades que só o desejo entende.