Luana Santahelena

Quando o pudor sai pela porta

Numa dessas noites —

daquelas que chegam sem avisar,

eu deixo o pudor em silêncio,

desfaço as armaduras invisíveis,

e me entrego inteira, sem mapas,

no abraço onde me perco e me acho.

 

Sede de ti, chama que arde,

um fogo que não se doma,

que transborda a razão,

que inventa loucuras e fantasias

e faz da penumbra nossa morada secreta.

 

No escuro, o calor dos beijos fala,

mistura saliva, suspiros e um toque de desejo,

guiados por mãos que sabem os atalhos

e pensamentos que dançam sem palavras.

 

Não sou mais a amante contida,

sou a amiga que provoca,

a cúmplice que se rende,

a alma que insiste em ser inteira —

sem medo do que a noite fará de nós.

 

Quando a paixão invade a porta,

a razão, essa fugitiva,

escapa pela janela,

e tudo vira um improviso de corpos,

feito das verdades que só o desejo entende.