𝓥𝓮𝓻𝓼𝓸𝓼𝓒𝓪𝓵𝓪𝓭𝓸𝓼

Lírios que gritam em silêncio

Dizem: “isso tá só na sua cabeça”,
mas aqui dentro é guerra, não festa.
Sorrio com o peito desabando,
ninguém vê, ninguém tá escutando.

Me desdobro, me quebro em pedaço,
mas o mundo? Nem um “obrigado”, um abraço.
Sempre demais, nunca o bastante,
correndo no escuro… feito errante.

O amor me aperta, depois me sufoca,
se vem com força, me trava, me encosta.
Me sinto presa, asa cortada,
entre um “te amo”
e uma cela disfarçada.

Não sei gritar, nem explicar,
guardo tudo até explodir no olhar.
E quando transbordo?
É silêncio afogado:
eu choro, eu escrevo, eu desenho —
e mais nada.

Então vêm meus lírios,
brancos, mas cheios de espinho,
nascem lentos no papel,
enquanto aqui dentro… morro sozinha, no meu cantinho.

Lírios que gritam sem fazer barulho,
que florescem em noites sem orgulho.
Sou eu, em cada pétala cansada:
uma alma forte,
que desmorona — calada.