As leis se dobram como véus,
Sobre os olhos de quem cala...
Enquanto o grito do justo ecoa
Num tribunal que não fala.
Prometem justiça às claras...
Mas operam na penumbra do texto.
Onde há norma, há exceção...
Onde há réu pobre, há pretexto.
O tempo da lei é cego e mudo...
Caminha lento, ou se arrasta...
Mas corre, se for conveniente,
Na pele do fraco, a espada gasta.
Brechas? Não são descuidos.
São passagens cuidadosamente esculpidas,
Por mãos que escrevem a norma...
E apagam as feridas.
O interrogatório, tardio ou não,
É só o espelho do que se quer mostrar.
Mas nos bastidores do processo,
A verdade aprende a se calar.
E eu, que estudei cada artigo,
Vejo o silêncio como sentença...
Pois não é a lei que falta,
É a justiça… e sua presença.