Luana Santahelena

Pequeno Tratado sobre o Invisível

O campo não promete nada.

É só campo.

E ainda assim,

há nele uma quietude

que me basta.

 

Nada floresce de pressa ali,

mas tudo espera

com uma paciência que ensina.

 

O sorriso do estranho

não aponta caminhos.

É só água —

mas limpa meu cansaço

como um riacho breve

nos pés de quem retorna.

 

Não preciso mais que isso.

Mais que isso

é ilusão de olhos cheios demais.

 

Quem ainda pede o extraordinário

é quem nunca aprendeu a ver.

A ver de verdade —

com o corpo quieto,

com o tempo inteiro,

com o coração aberto

ao que não grita,

mas existe.