Sombras do vale, noites da montanha,
Que minh\'alma cantou e amava tanto,
Protejei o meu corpo abandonado,
E no silêncio derramai-lhe um canto!
_Álvares de Azevedo
Que infortúnio causo-me o destino, que alegrias perdi na vida... só tristezas me restaram.
Quando felicidade procurava
Trilhei errados caminhos,
E nesta vida muito sofri
Ferido por ardorosos espinhos.
Atormentado agora estou
Nesta cruel vida, neste desatino,
Somente a tristeza me restou
Não te rias de mim, ó destino!
Quando movido por ilusões
A infame fronte de falsos amores
Enamorado cobri de sinceros beijos,
Vem hoje a vida me cobrir de dores.
Atormentado agora estou
Nesta cruel vida, neste desatino
Somente a tristeza me restou
Não te rias de mim, ó destino!
Deveria nos caminhos de Deus
Trilhar com virtude e com graça
Mas o mal me guiou a falsa felicidade
E me deu a beber a sua negra taça.
Atormentado agora estou
Nesta cruel vida, neste desatino
Somente a tristeza me restou
Não te rias de mim, ó destino!
Ó vida, não te rias de mim
Por acreditar que um dia fui amado
Por um falso amor, uma ilusão
Por quem tanto tenho chorado.
Atormentado agora estou
Nesta cruel vida, neste desatino
Somente a tristeza me restou
Não te rias de mim, ó destino!
Daqueles que estavam comigo...
Agora restam somente saudades
No coração que um dia foi abrigo
De tantas saudosas felicidades.
Atormentado agora estou
Nesta cruel vida, neste desatino
Somente a tristeza me restou
Não te rias de mim, ó destino!
Não te rias de mim, ó destino
Pelo pouco que me restou
As falsas alegrias esvaíram-se
Neste mundo cruel que estou!