Antonio Ramos

Meu medo.

O que me diz este dia nublado e melancólico, o qual tanto me apraz?

Como eu deveria ser agora, apenas um sexagenário?

Deveria olhar a frente, imaginando o que virá?

Ou lembrar o que ao passado me prende?

O meu medo hoje, é o mesmo que abate a qualquer homem tolo.

O medo de passar por esta vida. 

E logo ser esquecido,

nada ter feito que mereça ser lembrado.

Ter tido uma vida inútil.

E aguardar uma morte solitária,

resultado de uma vida infrutífera.

Sentado no sofá da sala sendo conduzido pelo controle remoto 

e guiado por essas notícias manipuladas,

conhecendo tudo e não sabendo nada.