Hoje eu levantei sem vontade,
não era sono — era ausência.
Olhei pro espelho e não vi ninguém,
só um rosto cansado,
olhos fundos demais pra disfarçar.
Escovei os dentes no automático,
me senti ridículo olhando pra pia
como se aquilo fosse salvar alguém.
A chaleira apitou como sempre,
mas o café ficou esfriando na xícara.
Não tinha gosto.
Nem cheiro.
Nem sentido.
O mundo seguiu lá fora —
o entregador correndo,
a vizinha gritando com o filho,
um carro buzinando por nada.
E eu aqui,
preso numa roupa velha,
tentando entender por que ainda respiro.
Tentei ouvir uma música,
mas cada letra parecia me dar um soco.
Tentei escrever, mas minha mão tremia.
Tentei rezar,
mas nem Deus respondeu dessa vez.
As mensagens ficaram sem resposta,
os pratos sujos se empilharam,
o celular vibrou e eu fingi que não vi.
A verdade é que…
eu cansei de me fingir de forte.
Cansei de me costurar toda noite
pra rasgar de novo de manhã.
E olha…
eu sei que vai doer em quem me ama.
Mas dói tanto mais aqui dentro.
Dói até respirar.
Dói existir.
Eu só queria silêncio.
Descanso.
Fim.
E por mais cruel que soe…
essa é minha despedida.
Não de vocês.
Mas da dor.
E da vida.
21 jun 2025 (11:43)