POEMA: NÃO DEIXE O MANGUE MORRER
(Cláudio Gia, Macau RN, 21/06/2025)
Não deixem o mangue morrer,
Pois nele pulsa a vida em cada raiz,
Memória viva das marés de Macau,
Abraço verde que a natureza nos quis.
No final dos anos setenta e oitenta,
Salinas apressadas rasgaram o chão,
Derrubaram árvores, calaram cantos,
Feriram o mangue, sem compaixão.
O braço do mar, antes livre e sereno,
Foi fechado, sufocaram a umburana,
Gente simples da Ilha da Favela partiu,
Levando saudade e esperança humana.
O tempo passou... silêncio no ar,
Mas o coração inquieto não se calou,
João Eudes e eu, olhos atentos,
Vimos a dor que o barro preto chorou.
Fotos tiramos, vozes ecoaram,
Denúncias lançadas ao vento e ao jornal,
A multa chegou, a injustiça tremia,
Pequena vitória, mas essencial.
Em oitenta e quatro, novo embate,
Queriam fechar Alagamar também,
Mas o povo unido, com fé e coragem,
Gritou forte: \"Aqui o mangue vai bem!\"
A água voltou, a vida renasceu,
Peixes, caranguejos, o sopro da maré,
A alegria brotou no sorriso da gente,
Com Deus na frente, como sempre é.
Jesus Cristo, Onipotente e verdadeiro,
Guiou a luta, renovou o chão,
Por isso cantamos com alma e ternura:
Que o mangue floresça em cada estação!
Não deixem o mangue morrer,
Nem hoje, nem amanhã, jamais!
Pois onde há vida, há esperança,
E um futuro de paz, verde e cais.