Ester Araújo

A borboleta que vai voltar

Sonhei com o jardim onde mora o silêncio das certezas,

o verde que sussurra promessas ao vento,

e as cadeiras de cetim que esperavam por mim.

 

Era um ensaio, mas parecia real.

 

Duas borboletas vieram.

Testei o céu em pensamento:

“Se for pra ser, que uma delas me toque.”

 

Uma tocou e partiu.

A outra…

 

A outra pousou e falou.

 

Fez de cera uma irmã de si mesma.

Moldou com amor,

e me perguntou quem eu era.

Eu disse: “Sou 3 de dezembro.”

Ela respondeu:

“Nunca vou esquecer. Volto pra te visitar.”

 

Eu quis mostrar ao mundo.

Mas nem tudo que nasce pode ser exibido tão cedo.

A cera caiu, as peças quebraram.

 

E ela, com mãos de luz, voltou.

Consertou tudo.

 

E eu acordei…

 

Sabendo que ela vai voltar.

Em agosto. Ou quando for hora.

 

O amor é paciente. E tem asas.