Já fui embora de lugares que me feriam,
e voltei pra outros só por saudade.
Já viajei com a mala cheia de esperança,
e voltei com ela rasgada de realidade.
Já me perdi no meio do nada só pra me encontrar.
Conversei com estranhos e me senti em casa.
Me calei com amigos e senti o vazio.
Ouvi conselhos que ignorei,
e dei conselhos que nem eu segui.
Já fui abrigo, já precisei de um.
Me apaixonei como quem se joga do alto —
sem saber se havia chão ou milagre.
Chorei de amor e chorei de raiva.
Fui correspondido e fui esquecido.
Dei o coração como quem entrega um bilhete… e nunca teve resposta.
Já abracei quem partia,
e sorri como quem disfarça a dor.
Dancei em noites que pareciam eternas,
fiz promessas que o tempo levou.
Já fui o motivo de um riso, e de um adeus.
Vi o nascer do sol em silêncios que doíam,
e o pôr do sol me ensinou a deixar ir.
Fui tantas versões de mim que nem me reconheço às vezes.
Sobrevivi a dias escuros,
e me refiz na luz de alguém.
Já vivi…
vivi tanto que às vezes até esqueço que ainda estou aqui.
Só falta conhecer a morte.
Mas tenho um pouco de pressa.
20 jun 2025 (13:07)