Grite bem alto, sem medo, sem par,
pra dor que sufoca, poder soltar.
Chore, lave a alma, deixe escorrer,
as mágoas que o peito não quer mais ter.
Corra sem rumo, por se libertar,
das sombras que insistem em te abraçar.
Mas por quê tudo isso, por que tentar?
Por saudade… difícil de calar.
Saudade que mora em cada lembrança,
do tempo de sonhos, da doce esperança.
Do desenho na TV, tão querido,
ao bichinho que um dia foi partido.
De amizades juradas pra eternidade,
que viraram apenas... saudade.
De adeuses ditos sem intenção,
que hoje apertam o coração.
Perder o que se ama é dor tão fria,
que nem o tempo apaga ou alivia.
Restam memórias, doces, coloridas,
de uma fase de outras vidas.
Quando a vida era um céu sem fim,
e o cinza não morava em mim.
Hoje caminho, em mar de cinza a vagar,
mas com esperança... de um dia voltar
a sentir de novo o sol a brilhar,
e minhas cores... poder resgatar.