Nelson de Medeiros

SOLIDÃO A DOIS

 

Na quietude da noite o bardo vaga,

escuta o ontem na velha canção;

no peito a dor da ausência se propaga,

e a nostalgia é quase uma afeição !

 

No quarto, o frio fere qual adaga,

e o silêncio sangra o coração;

num labirinto atroz, a voz se apaga

e o vazio é sem explicação!

 

Mas há beleza na melancolia;

na lágrima que rola, há poesia,

e na saudade, um doce recordar!

 

É quando, então, a ausência se revela,

e o silencio é mote que chancela

a solidão, que a dois, paira no ar!