Versos Discretos

Vol. V — Rastro de Vênus

Há um fulgor que nasce no tecido negro,
onde a renda toca tua pele em brasa,
e a curva da tua bunda, com doce desassossego,
me conduz, silenciosa, à tua casa.

Teu andar é um verso que rebola o desejo,
cada passo escreve o meu fim num poema,
e eu, perdido entre os delírios que vejo,
me afogo nas formas que tua bunda tece em cena.

Ali, onde o sagrado e o carnal se unem,
meu olhar repousa, minha alma se rende,
pois há um altar entre tuas coxas que resume
o que é o amor quando a luxúria o entende.