Ma force à lutter s\'use et se prodigue.
Jusqu\'à mon repos, tout est un combat ;
Et, comme un coursier brisé de fatigue,
Mon courage éteint chancelle et s\'abat.
—Alfred de Musset
Três palavras definem minha vida.
Solidão, lembrança e saudade.
Sou como barco esquecido no cais,
Como marinheiro aposentado do mar
Como flor que não pode desabrochar
E que primaveras decerto verá jamais.
Vivo amargurado sem nunca sorrir,
Penando como um triste prisioneiro,
Solitário até o momento derradeiro,
Quando a fria lápide vier me cobrir.
Em meu coração foi flecha certeira
A solidão que há muito me maltrata,
E que em versos este poeta retrata
Na poesia melancólica e costumeira.
Aqueles que foram amigos um dia
Ficaram para trás na estrada da vida,
Velhas amizades, memória querida,
Distantes, não me fazem companhia.
Meus olhos turvos ainda tentam
Diante de mim, ver alguma alegria,
No pôr-do-sol ou no nascer do dia
Que a alheios olhos muito contentam.
Dos calores passados, hoje saudade,
Abraçado somente pelo sereno da noite,
Sendo condenado a impiedoso açoite
Que não me dá direito à felicidade.
Das companhias, hoje as mudanças,
Recordando as passadas amantes,
Os velhos amores que tão distantes
De mim não guardam lembranças.
Não há sorriso em meu pálido rosto,
Por caminhos incertos, sozinho sigo,
Levo somente minha sombra comigo
Vagando pelo cruel mundo sem gosto.
Solitário, só me restou a esperança
De encontrar uma nova felicidade,
E que não sejam lábios de falsidade
Disfarçados de puro amor e bonança!