Quando a noite desce, manto anil e vasto,
E o vento sussurra seu contar modesto,
Deixo a casa, as grades, o aconchego lento,
Para a vastidão, em puro encantamento.
O leito é a terra, macia e ancestral,
Cobertor, o céu, com seu brilho astral.
A cabeça pende, em grama orvalhada,
Embaixo, a raiz calada.
Nenhum teto pesa, nenhuma parede esconde,
Só o firmamento, lá onde o sonho responde.
O cheiro da mata, fresco e singular,
Embala o repouso, convida a sonhar.
As estrelas piscam, guardiãs da paz,
Contam histórias que o tempo não desfaz.
A lua vigia, em prata a sorrir,
Enquanto a alma voa, livre a sentir.
E ao raiar da aurora, o sol a beijar,
Desperto renovado, pronto a amar.
Dormir ao léu é um abraço ao mundo,
Um pacto com a paz, no universo um mergulho profundo.