O amor e sua fome
Que mastiga e engole todo e qualquer sentimento barato
Que se nutre de expectativas tantas vezes desnutridas
Que empurra goela a baixo as migalhas deixadas pela necessidade da outra pessoa
Insaciável e faminto feroz, o amor caça
Se esgueira de olhar em olhar
Entre risos, cheiros, gostos
Entre vazios
Entre desejos e paixões
Carícia e gozo
Esperando
Esperando
Só uma oportunidade de dilacerar um coração quente que pulse sangue fresco
Que lhe encha o estômago
Mas não lhe sobra muito
E ele lambe os restos e rói os ossos secos do banquete que lhe foi oferecido
Mendiga pelas noites o amor
Saliva
E só lhe dão de beber o álcool e o vinho amargo da frigidez
Não há mais o que o sacie nesta terra
O amor
morreu de fome