Lho Cesar

FOME

 

O amor e sua fome

Que mastiga e engole todo e qualquer sentimento barato

Que se nutre de expectativas tantas vezes desnutridas

Que empurra goela a baixo as migalhas deixadas pela necessidade da outra pessoa

Insaciável e faminto feroz, o amor caça

Se esgueira de olhar em olhar

Entre risos, cheiros, gostos

Entre vazios

Entre desejos e paixões

Carícia e gozo

Esperando

Esperando

Só uma oportunidade de dilacerar um coração quente que pulse sangue fresco

Que lhe encha o estômago

Mas não lhe sobra muito

E ele lambe os restos e rói os ossos secos do banquete que lhe foi oferecido

Mendiga pelas noites o amor

Saliva

E só lhe dão de beber o álcool e o vinho amargo da frigidez

Não há  mais o que o sacie nesta terra

O amor

morreu de fome