Matheo Souza

Por que, filho?

A vida... não é tão bela,

como os poetas juram em papel.

Ela é áspera, egoísta, 

e ás vezes... nos rouba até o céu.

 

Nos deixa sem vontade,

nos prende no cansaço,

e ainda sim, seguimos

como se houvesse traço.

 

porque se enganar assim,

se já sabes:

a vida vai te passar a perna,

vai rir da suas preces caladas

enquanto choras por dentro?

 

Por que continua, menino?

porque trilhas um caminho

que já foi pisado por fantasmas?

já não viste o que aconteceu?

 

Se não tens mais vontade,

se o espelho te olha com desprezo,

se teu retrato é dor emoldurada...

 

Então por que, filho?

Por que ainda respira,

por que  ainda escreve, 

por que ainda sente?

 

Será que essa sede de viver

é só um escudo contra a dor,

ou é, no fundo,

um resto de Amor?

 

Um resquício de esperança,

camuflada na tua tristeza.

Porque até o grito mais silencioso

carrega, no fundo,

uma chama acesa.

 

Matheo Souza-17/06/25