Willie Stchaikovski

lua (com minĂºscula mesmo)

tinha uma luz na janela outro dia
fraca, mas bonita.
achei que fosse sorte.
ou um bom sinal.

encarei.
deixei ela entrar.
achei que ia ficar.

mas a tal da lua
nunca brilha do mesmo jeito.
hora minguante,
hora cheia de si.
hora linda,
hora sumida.

achei que era culpa minha.
que meus olhos estavam errados.
mas não.

ela vinha quando queria.
ficava muda.
sumia do nada.

e eu, feito otário,
olhando pro céu todo dia
feito cachorro abandonado em porta de bar.

“cadê você, porra?”
eu pensava.
mas ela não respondia.

o pior de tudo?
ela sabia.
sabia que eu só olhava pra cima
pra ver se ela tava lá.

um dia, cansado, entendi.
ela nunca foi minha.
nunca foi desse céu.
ela era a lua de outro mar.