A DOR DO UNIVERSO
Eu vi o Sol nascer
Por traz de uma coluna de fumaça
Eu vi a chuva cair
Em gotas de ácidos
Enquanto o grão da terra
Soluça ávido para nutrir o grão
Mas eu também vi o grão abortado
Numa terra sem útero.
Eu vi o pássaro
Planando num voo rastejante
Porque depenaram suas asas.
Enquanto a floresta de árvores intrigantes
Vomitou toda sua clorofila radiante
E suas folhas negras
Balançam em galhos secos
Como agitados fantasmas.
Eu vi rios de lamas secas
Correr em leitos vazios
Enquanto o mar
Ostentava o troféu podre do continente em suas ondas carbonizadas.
Eu vi apagar a última estrela
Que insistia em resistir
A acidez do Éden
Mas ela se apagou em forma de lágrima!