Paulo de Tarshish

Se Jesus voltasse

Se Jesus voltasse,
Se ele um dia voltasse,
Seria para voltar de onde veio.

Não perderia tempo o Filho de Deus,
Como nenhum filho de Deus perderia,
Ao vir salvar o que apenas pode ser salvo por si mesmo.

Nietzsche disse que Deus estava morto.
Tinha razão o louco profeta!
O Deus que Nietzsche odiava morreu,
Javé estava morto e esquecido.
Mas Javé ressuscitou no ego dos homens,
Pois ele é ego puro!
Ele é Yaldabaoth, o tolo dos tolos.

O seu poder opressivo volta ciclicamente,
Como as poderosas chuvas no inverno
E o ardente sol no verão.

Yaldabaoth disse que matássemos os descrentes,
Que matássemos suas mulheres e crianças,
Que os tomássemos como escravos,
Que nada restasse da sua memória.
Mas eu prefiro amar!

Prefiro não ouvir Javé, como nos ensinou Jesus.

Jesus disse que ignorássemos quem disse: “Olho por olho e dente por dente.”
Assim está escrito em Mateus 5:38-42.
Ora, esse ditado saiu da boca de Javé!
Por isso proclamo aos sete céus:
Jesus era contra Javé!
Jesus era filho de um outro Deus!

Se Jesus voltasse,
Ele seria morto por Javé novamente,
Pois foi Javé quem o matou.
Javé é fundamentalismo, e fundamentalismo é Javé!

Mas, ainda assim, quem ressuscitou Jesus foi a mente dos homens,
Que é Deus verdadeiro!
Inefável e sem nome!

Javé morreu,
Mas Jesus vive.
Jesus dá vida,
Mas Javé rouba-a.

Se Jesus voltasse, ele condenaria Javé.
Se Jesus voltasse, ele chicotearia Javé!
Se Jesus voltasse, ele crucificaria Javé!
Assim como o fez quando caminhou na Terra.

Cristo virá; Jesus, não.
Jesus jaz morto; Cristo viverá para sempre!
Quando Cristo voltar, no coração de todos os homens,
Então Javé, o verdadeiro Leviatã, será morto.
Não por espadas,
Nem por guerras,
Nem por ódio,
Mas pelo amor crístico que abençoa a Terra.