ela riu.
e eu achei que era por minha causa.
foi só um segundo,
mas foi o suficiente
pra eu inventar um futuro inteiro
onde ela estava.
não era amor.
era só carência com roteiro.
mas na hora parecia verdade.
é foda como a esperança
não precisa de muito pra nascer.
mas exige tudo pra morrer.
ela riu.
eu acreditei.
e ali nasceu a pior parte de mim.
a parte que procura em copos,
em corpos,
em ruas que não levam a lugar nenhum.
não sei onde ela foi parar.
só sei onde eu fiquei.
preso no eco daquele riso
que, no fim,
nunca foi pra mim.