Manual da Hipocrisia I – Instinto
Você diz que é justo,
mas só até alguém te tirar o controle.
Fala de empatia,
mas só sente quando é com você.
Prega calma,
mas ferve de raiva quando discordam.
Veste discurso bonito,
mas tua alma cospe arrogância.
Quer parecer centrado,
mas qualquer ameaça te transforma em fera.
Você não busca paz,
busca obediência.
Quer respeito,
mas nunca engole o orgulho.
Quer ser superior,
sem nunca engolir o próprio veneno.
Quer ser admirado,
sem nunca descer do pedestal.
\"Só agimos igual a Jesus se estivermos dispostos a ser chicoteados, crucificados e banalizados.
Ao contrário disso, somos cruéis com todos os inimigos.\"
Você é cordial até ser ferido.
Depois disso, morde.
Quer sangue.
Quer revanche.
Chama de justiça, mas é ego puro.
Você não ouve.
Você espera sua vez de atacar.
Quer a razão,
mesmo que precise esmagar alguém pra tê-la.
Finge maturidade,
mas está sempre à beira do colapso.
Você não é bom.
É treinado.
Civilizado por fora,
primata por dentro.
E o instinto —
ah, o instinto —
só espera o momento certo.
Basta um empurrão,
uma rejeição,
uma crítica leve...
E ele vem, rasga tua pose,
derruba tua máscara,
e mostra, sem pena,
quem você realmente é.