Prefiro ser quem muda com o tempo,
uma estrada viva, em movimento,
do que guardar, como pedra no peito,
um pensamento antigo, sem jeito.
Há quem traga no corpo uma dança,
feito canto antigo, feito esperança,
uma certa magia, um dom sutil —
um fogo calmo, mas sempre febril.
É preciso coragem pra ser inteiro,
pra ter no olhar um mundo verdadeiro.
É preciso ter raça, ter alma acesa,
e uma fé teimosa na delicadeza.
Sem mapas, me escolhi antes de partir,
me alimentei do que há dentro de mim.
Demorei, mas aprendi a construir
com meus cacos um novo jardim.
Sou vento, sou dor, sou flor,
sou metamorfose em flor.