JOKER

Cativeiro das sombras

 

 

Ergue-se a cidade em pranto,

mármore sujo de medo e dor.

Nas vielas, um triste canto,

refrão de um mundo sem cor.

 

Ruas marcadas por passos incertos,

vidas compradas, destinos rasgados.

No escuro dos becos, olhos abertos,

corpos cansados, corações calados.

 

A faca que corta não escolhe a pele,

a bala perdida conhece o caminho.

Quem dita a lei, da sombra repele

o grito sufocado do povo sozinho.

 

Mãos que suplicam viram algemas,

lágrimas caem sem funeral.

A paz é sonho preso em sistemas

onde a justiça é mero ritual.

 

Mas há fogo sob as cinzas,

há faísca onde há razão.

Por mais que a noite seja cinza,

nasce um sol na escuridão.