Alma Perdida

O Corpo

A noite cai, e eu sinto o peso descer.

Do cansaço que me envolve, me prende.

Uma presença opressiva que me rende.

Me segura firme, não deixa me perder.

 

O corpo me segura, suas mãos frias me tocam, 

O relaxamento se esvai com meu terror.

Minha caixa torácica expande com pavor.

O corpo me encara, suas mãos sombrias me cortam.

 

A paralisia me torna um prisioneiro.

De um corpo que não responde.

Meus pensamentos procuram o onde.

De uma mente perdida no nevoeiro.

 

Estou preso na madrugada escura e polida.

Permeado com esse arrepender compulsivo.

Minhas artérias lembram que eu ainda estou vivo.

Mesmo morto, com minha alma colhida.

 

Eu escuto as vozes dizerem que é normal.

Tentando a mim mesmo confortar.

Sinto o sangue escorrendo pelo globo ocular.

O porquê penetrou o lóbulo frontal.

 

O corpo se contorce com desejo intenso.

E a cor da minha retina reluz.

Paralítico, sem o que me conduz.

Minha mente vaga neste espaço imenso.

 

Essa estaticidade não tem fim, fico para trás. 

Quando o sol nasce e a noite se vai.

O pânico ainda não se esvai.

O corpo derrete, a minha mente se desfaz