No rio eterno o brilho desfoca o agora
Reflete meu reflexo, o testamento do que sou
Do que eu já fui, do que ficou
Olho pro rio, o rio olha de volta
Seguro nas mãos aquela mesma corda
A corda dos sãos, e o fio que segurava se solta
Vivendo sendo eterno objeto criativo
Soluço palavras aos amigos
Buscando aquilo que me é paliativo
Quero sem poder,
Meu arrependimento mais antigo
Não serei eu estrela para enfeitar o celeste
Serei lembrança de poucos, um sussurro rouco
A poeira do acaso, o vazio que me teste
Sei que na minha hora serei só mais um louco
Vivi como pude, perdi, ganhei, fiz muito pouco
Quando ela chegar, bata na porta mas não me diga
Não me diga nunca a hora de ir embora
Não quero temer seu abraço e fazer figa
Vou olhar sem saber uma ultima vez a rua lá fora