joaquim cesario de mello

O UIVO

 

A árvore com seus galhos cansados

envergados pelo esculpir do tempo

sombreia o passar remansoso da tarde

encobrindo o tédio dos homens sentados

enquanto crianças correm pelo parque

suadas pelo vaporizar fugaz dos instantes

e pelo deslizar escorregadiço da infância

 

Mais adiante

quando a noite for madrugada

e tudo ali houver se tornado silêncio

um velho cachorro acostumado às pulgas

uiva para a Lua como se ela lhe desse ouvidos