Entre o abismo e o eco
flutua um balão de olhos fechados,
feito de suspiros que esqueceram o ar.
Ele explode quando visto,
como se o olhar fosse um fósforo
riscado no escuro da própria dúvida.
Tem pavor de ser,
porque ser é perder-se
no contorno das coisas nomeadas.
Mas a agulha,
essa vértebra errante do silêncio,
costura o vazio ao contrário
e desfaz o balão em pensamento líquido.
No fim,
só o eco respira,
como se tudo tivesse sido
um sonho que sonhou a si mesmo.