Isis P. Toldi

O balão

Entre o abismo e o eco
flutua um balão de olhos fechados,
feito de suspiros que esqueceram o ar.

Ele explode quando visto,
como se o olhar fosse um fósforo
riscado no escuro da própria dúvida.

Tem pavor de ser,
porque ser é perder-se
no contorno das coisas nomeadas.

Mas a agulha,
essa vértebra errante do silêncio,
costura o vazio ao contrário
e desfaz o balão em pensamento líquido.

No fim,
só o eco respira,
como se tudo tivesse sido
um sonho que sonhou a si mesmo.