Maria dorta

Indefinicao

Sei que penoso é  me suportar

Façanha para heróis- dir-se-a\'.

-Esta é  a pura verdade!

Afirmo eu,sem medo de errar.

Viver sempre ao pé  de mim

chega a crueldade cheirar.

Na minha tranquila inquietação

chego a perder noção

e perco meu eu na indefinicao.

Não sei se é  mal da idade

viver em constante indagação.

Não sei se vou,ou se fico,tudo divagação,

Mas,parada não aconteco.

Sou como as ondas do mar

em seu constante  ondear. Mereço?

Serei fruto ruim ou é  esse pendular

e dual gênio  que bifacetado,

semente não me deixa ser?

Uma coisa confesso: está  difícil  me aturar.

E comigo me desavenho, mais do que constantemente.

De mim fugiria se tivesse onde me refugiar

É,assim,esconder esse meu jeito de nao-ser.

Neste estranho padecer,

enfrento- me,digladio- me, lanhada ,

vivo em guerra declarada.

Mas não consigo ainda me vencer

,num combate interior,perigo fenecer.

Luto contra meu lado avesso,

lado obscuro cuja matriz desconheço. 

Mas,estranhamente o aceito.

Sem ele,me diluo ,me liquefaco.

Dele tento fugir,sem ele contudo, 

nao poderia existir: onde há  luz

a sombra nunca deixa de se imiscuir

E,então,num pacto sensato,deixo fluir.

Maria Dorta  ( escrito em 16.6.2019)