Ludmilla Fernandes

Escrava do medo

Estou cansada.
Alma pesando no chão.
Batendo cabeça, coração,
Tentando achar luz
Num corredor sem direção.

As portas estão fechadas.
E a que se abriu, fui eu quem a trancou.

Fechei caminhos com meus segredos,
Desacreditei de mim por conta dos medos.
E aqui estou, parada,
Com a mente disparada,
Vivendo uma guerra calada.

E fico presa no que se perdeu,
Escrava do que não aconteceu,
Refém de um tempo que não perdoa,
De um futuro que não conheço, mas me magoa.

Escrevendo minha dor, eu resisto.
Em meio ao caos, eu existo.

E o medo não sabe:
Mas eu ainda estou aqui.
Respirando.
Sangrando em silêncio, mas de pé.