Queria ser flor
Mas não queria ser rosa
Pois muito formosa e desejada
Fica prosa e logo é arrancada
Quem sabe flor de limoeiro
De laranjeira ou serejeira
Tanto gosto causa pelo que cheira
Mas de existência ligeira
Crisântemo não quero ser
Sua variedade de uso é tanta
Que sem ser raridade
Seus usos a desencanta
Poderia ser flor de cacto
Que por sobreviver no deserto
Resiste mais que gente
Protegida por espinhos
A enfeitar hostis caminhos
Perde apenas para os lírios
Que mais elegantes que Salomão
Têm vestes citadas
Nas escrituras sagradas
E se eu escolhesse ser girassol
Que seu longo caule acompanha
A estrela mór do céu
Sol, astro rei coronel
Escolho afinal
Seria orquídea e azul
Pertencente a um dono apaixonado
Que sempre cuidaria de mim
Ainda que tivesse um jardim orquidário