Antonio Luiz

Game over

trago uma mácula no braço  esquerdo

é que de vez em quando eu me belisco

tentando provar que ainda estou  vivo

não quero passar por aí feito um nada

ao lado de vela que nem posso assoprar

como quando falo e ninguém me escuta

como quando escrevo e ninguém me lê...

são mortes, e essas por ora me bastam

por isso às vezes eu permaneço calado

por isso, às vezes, eu deito as palavras

numa inversão quase infantil de papéis

pra provocar os sentimentos de perda

jamais cri em dimensão de apatia, mas

será que a rosa sente a borda do vaso?

será mesmo gelada a queda das pétalas?

confesso, entre tantas neuras tão vivas

já cheguei a temer um toque mais quente:

“a poeira da alma não fica sobre a mobília”

ou será que ela fica?

 

-- esse poema foi publicado em meu blog pessoal (https://antoniobocadelama.blogspot.com/) em 28/05/25 –