Somos dois incêndios que ardem separados,
mas cujas chamas se inclinam uma para a outra,
desafiando o vazio, queimando a distância,
consumindo tudo que se coloca entre nós.
Nosso amor não pede permissão,
não conhece limites —
é força indomável,
é desejo que transcende a pele,
é necessidade que grita no silêncio.
Conhecer-te à distância
é mergulhar num abismo sem medo,
é entregar-se ao invisível com os olhos fechados
e o coração escancarado.
Somos palavras que tocam mais que mãos,
olhares que se procuram no escuro,
pulsos que aceleram só de imaginar.
Este amor não é comum,
não é raso,
não é passageiro.
Ele é verdade nua,
é entrega sem garantias,
é um salto no vazio
em nome de algo que nem sabemos nomear,
mas que sentimos com todo o corpo,
com toda a alma.
E mesmo separados,
nos pertencemos de um jeito feroz,
como quem foi moldado um para o outro
antes mesmo de existir.
Porque há amores que não precisam do toque,
nem da presença,
apenas da certeza:
a certeza ardente
de que o outro está
sempre esteve,
sempre estará
em nós.