A dor que dói em mim
não tem nome inteiro.
É metade saudade,
metade vazio.
É um grito mudo
que mora no peito
e só se ouve quando tudo
fica em silêncio.
Perder uma mãe
é como perder o chão sem cair,
é continuar respirando
com o ar faltando.
Tem dias que eu quase escuto tua voz
na rotina das coisas simples —
no barulho da colher no café,
no jeito de dobrar uma roupa,
naquela música antiga.
E então lembro.
Lembro que você não volta.
Lembro que não tem abraço esperando no fim do dia.
Lembro que até o céu chora
quando falo de você.
A casa ficou grande demais.
As coisas pequenas perderam o gosto.
E eu fiquei menor.
Porque uma parte minha foi contigo
sem nem me pedir permissão.
Falam que o tempo ajuda.
Mas ninguém me explicou
que a saudade é o tempo inteiro.
Que a falta não envelhece.
Que tem cheiro teu nas lembranças
e silêncio teu nos meus sonhos.
Mãe, se por acaso há algum lugar
onde você ainda me vê,
sabe:
eu ainda tento ser forte,
mas tem dias que não consigo.
Tem dias que eu só queria de volta
o teu colo —
mesmo que fosse só por um minuto.
A dor que dói em mim
tem teu nome sussurrado,
tem teu rosto no espelho dos meus olhos
e teu amor espalhado
em tudo que ainda respiro.
26 maio 2025 (12:20)