inexistir

Mesmos olhos.

Mesmo que eu corra.

Nada supera a cicatriz marcada em minhas palavras.

É real a dor de ser a escolha que ninguém nunca fez. 

 

Imagina enxergar por trás dos seus olhos.

Ver as migalhas do que ainda doí.

Eu ainda me lembro de todas as vezes.

Em que o medo não trouxe a liberdade e sim a prisão. 

 

Eu tentei lutar contra a prisão dos meus olhos.

Como se as palavras não ditas tivessem o efeito do tempo.

Doem.

“Não que você possa ver…”

 

Agora eu sou você.

Temos os mesmos olhos.

E posso ver através deles.

E mesmo assim, minhas palavras doem.

Mesmo sem escolhas, sem poder ser o que queria.

As palavras ainda doem.

Mas se eu sou você, quem é que está atrás dos meus olhos? 

Eu sempre busquei esse final.

Mesmo que não me dê o fim.

E eu vejo de novo, de novo, de novo.