Acontece que não sei por onde começar. Te olhar dessa janela tão alta se tornou nosso “normal”. Às vezes penso em mudar — fechar as cortinas, pintar tudo de outra cor, esquecer que toda vez que eu olhar para baixo, você vai estar lá: parado, vago.
Escrevendo sobre nós em um papel áspero, esperando que, depois de tanto esforço, ele consiga amolecer — sem partir, sem rasgar. Queria te ver sem precisar de tanto. Queria voltar para o lugar onde nós não éramos sós — éramos um grande lar.
Mas me afogo em tudo que não vejo: no desejo, no passado, nas camas, nos travesseiros, nos copos, nos pratos, nos restaurantes — e principalmente nas noites de teto marrom, de meia luz, de meio lar.
Mas esqueci: sou covarde. Não sei falar. Nos meus sonhos, só tem uma solução: _ _ _ _ _ _.