Melancolia...

Não Me Chame...

Não me chame de paixão,
se teus olhos ainda buscam
as lembranças que outro deixou na tua pele.

Não me diga que é fogo,
se teu corpo se acende só por costume
e não por desejo.

 

Não me chame de abrigo,
se o que procuras é apenas um lugar
para esconder tuas tempestades.

Não me diga que sou calma,
se tu mesmo és tormenta
que nunca quis descansar.

 

Não me chame de destino,
se tua estrada já tem nome
e tuas malas já sabem outro porto.

Não me diga que sou verso,
se tua poesia foi escrita
com outra letra, em outro tempo.

 

Não me chame de cura,
se ainda acaricias tuas feridas
como se fossem medalhas.

Não me diga que sou inteiro,
se só queres metade de mim.

 

E por tudo isso,
por tudo que não se diz mas se sente...

 

não me chame de amor, porque amor não se pede por distração,
nem se oferece por falta —
amor é entrega, não abrigo provisório.

20 maio 2025 (13:30)