.Ykaro

Um absurdo

De que adianta

saber que as águas de março diluvia o verão do ano;

pois, se ainda semeia a água, cair em meu terreno fértil?

Devo manter-me olhar aos céus como rebeldia?

Enfrento a natureza para a minha  sobrevivência?

Mataria?

Eu ou outro?

Saber que não vira a primavera —

Que a flor do meu ipê

não terá a chance sequer

Posar aos insetos!

O setembro florido da primavera não existirá! 

Apenas aquele amarelo —

Fito meus olhos, e os seus, constantemente

Ó como falam!

As olheiras, da tenebris, escondendo o brilho no olhar de alguém que viveu!

A vontade escancarada

Quer viver dignamente ou é cansaço de existir?

E no fim

Sabe que o ipê morreu afogado