Amor Platônico
Deixe-me ir
Teu coração é terra ressequida
Não me prendas aqui
Sou planta quase morta
Não vou mais florir…
Deixe-me partir
Abra-me as portas
Há tantos canteiros fecundos
Em algum, posso ser feliz
Entendi por um segundo...
Dei-te mais, do que me permiti
Deixo violetas na janela
Vicejam para alegrar teus olhos
Carregam o cinza da cela
Antes, tão azuis como Abrolhos
Deixe-me ir
As paredes não me ouvem mais
Recusam meus ais
Cansaram-se de lamúrias
Disseram-me: Vá, olhe a lua
Não está entre paredes
Tem o céu para si...
Ainda que seja assim
Sei, como eu, ela também se consome
É solitária entre infinitas estrelas
O sol, seu único amor
Nem ao menos a tocou
Deixe-me ir...
Ema Machado