Anna Gonçalves

A paz que procura

Ao sentar- me perto do rio ao por do sol , refletindo sobre mim,  

Onde o passado e o tempo já não pesam,  

vejo os nós que te desataram... 

Cada um, uma corrente que se desfaz.  

 

Fizeste mapas, dobrou várias lacunas, rasgou algumas de suas partituras,  

saiu do labirinto que um dia  habitou.  

Por que então, nesta altura tão serena que se encontra,  

a paz ainda é um lago que você corre no escuro e que ainda não encontrou?  

 

Talvez a paz não seja porto,  

nem o fim dos planos refeitos,  

mas este exato instante que respira...

Entre o que sonhou e o que deixou ser.  

 

Não te enganas, caminhante...

A paz que buscas não fugiu, 

mas ela se esconde no pulso  

que ainda bate depois do último nó.  

 

O que falta é apenas  olhar  

o que não procura mais,  

Mas reconhecer que a liberdade  

já era a paz disfarçada de vento.  

O que falta tanto ainda encontrar?