M, sonhei com você ontem a noite, você era feito de pluma e de seda, e fumava aquele cigarro como se jamais fosse te dar cansaço, soltava a fumaça pelos labios entreabertos e dizia com a voz baixa e aveludada, com aquele sorriso que apenas você sabe dar.
\"E quando eu partir? Será a saudade ou amargura que vai sentir?\"
Não irei abandona-lo e joga-lo aos lobos, não é do meu feito. Cutucarei teu ombro e acordarei deste sonho maldito, onde eu não me mataria ou onde você não desapareceria. Não cogitaria a ideia de desistir de você e de nós, onde a culpa é completamente minha.
Será que é só minha? Você se esforça ao tentar me perdoar, mas se esforçaria ao tentar ver meu lado? Que sempre me é negado. Encontraria-me talvez em um sono eterno, um desmaio, e serei recebida com o beneplácito do inferno, todo o peso da culpa sendo carregada durante décadas.
Antes a tua confusão me apavorava, feria minha alma, escassa e crua. Ah, meu amor, meu Mathias, um dia ainda verei você com um sorriso real, pode não ser comigo, eu posso não ser a causadora de tua felicidade, mas você sentirá oque eu sempre quis que sentisse, não a amargura, nem saudade, mas paz, em ve-lo em tranquilidade novamente.