Isis P. Toldi

Vômito mentiroso

Que é isso afinal?
Essa ânsia suja,
de laço, de lâmina,
de dar fim a tudo.
Desabar.
Sumir.

Eu era só uma criança...
Por que precisei engolir tanta dor?
Tanta humilhação?
Fui só mais um erro,
um silêncio desperdiçado.

Agora meu corpo vaga por aí,
vazio, apodrecido,
sem alma, sem norte,
sem toque, sem socorro,
sem amor.
Nem um grito me reclama.

Só ando.
Esperando o fim.

Mas quanto mais escorrego da vida,
mais ela me puxa de volta,
se cola às minhas feridas abertas,
não me deixa partir.
A morte?
Não vem.
Ri de mim.
Feito noiva bêbada:
sempre atrasada, sempre zombando.

Queria sumir, mas falta coragem.
Medo.
De quê?
Nem sei mais.

Me mata.
Por favor.
Não suporto mais esses pedidos de perdão cuspidos,
essas lágrimas que fedem falsidade.
Você nunca se importou.
Nunca.

Então me apaga.
Me arranca daqui.
Me parte.
Me esquece.

Minhas mãos tremem.
Meus ossos gritam.
Não há onde me segurar.

As pedras sabem.
Mas se calam.
Testemunham meu fardo.
Sozinha.
Só eu.
E o peso.