Charles Araújo

INGRATIDÃO

INGRATIDÃO

 

 

A ela fiz um altar,  

Jurei-lhe amor, dei meu coração. 

A lua, com seu brilho sagrado,  

Em silêncio foi testemunha,  

Daquele meu juramento,  

Feito em prece, reza e lamento.

 

Acesa uma vela, eu rezei,  

Mostrei gratidão na oração.

Clamei aos céus com esperança,  

Que ela me amasse — por compaixão.

 

Mas ela, ingrata, me pisa, desdenha,  

E seu desprezo aumenta a minha dor.

Eu, tão carente, sigo inocente,  

Sonhando ser digno do seu amor.

 

Ah, pobre alma iludida,  

Que crê no olhar de quem maltrata, 

Sofre calada, chora lamenta,  

Por uma paixão cruel, ingrata.

 

Mas se os céus ouvissem minhas preces,  

Talvez aliviassem a solidão.  

Traziam de volta um novo alento,  

Ao homem que sofre

por ingratidão.