“ Vi ontem um bicho
Na imundice do pátio
Catando comida entre os detritos
... O bicho, meu Deus, era um homem.”
Bandeira diz estupefato.
Este fato,
é realidade cotidiana.
Muitos não se importam com isso.
Até sentem raiva,
quando na presença do homem–bicho.
Aos olhos destes,
essa condição é retrato de uma vida mundana.
Vida que profana
o espaço sagrado deles,
os transeuntes sem máculas.
Espátulas recobrindo
a indiferença, a falta de compaixão.
Para outros, não é condição.
É calamidade
vociferando a sorte dos desnutridos.
Indivíduos desconhecidos,
cuja fome é sua expiação.
Reclusão dos malnascidos.