Vacila o gesto no instante do toque,
cede o corpo sem perder o contorno,
acolhe o olhar como quem abriga relâmpagos,
abre espaço onde já houve fronteira.
Paira um riso que não captura instantes,
o toque vacila à beira de um nome,
o cheiro desmancha pactos não ditos,
e o silêncio goteja onde dói devagar.
Cada curva revela o que distancia,
cada palavra escava um vão ou levanta um abismo,
há peso no que finge ser leve,
e fuga no que se dobra sem gritar.
Ser é tropeçar no próprio gesto,
morder a ausência antes do toque,
perder-se sem saber o caminho de volta,
e amar como quem teme ser descoberto.
L. R. Ramos – 2025