Melancolia...

A Tempestade Parte 2 - Enquanto Chovia por Dentro.

A chuva finalmente começou a cair, pesada, como se o céu já não conseguisse mais conter o que sentia. Eu não corri. Não tentei me abrigar. Fiquei ali, parado diante de você, tentando entender como tudo havia se transformado tão rápido. Talvez eu já soubesse, no fundo. Talvez sempre soubesse, mas escolhi ignorar os sinais, como quem insiste em ver o pôr do sol mesmo quando as nuvens já cobrem o horizonte.

 

Você falava, mas eu já não ouvia direito. As palavras vinham nubladas, distorcidas pelo som das gotas batendo no chão, pelo tambor dos trovões. Ainda assim, cada sílaba atravessava como se tivesse sido forjada para ferir. Você não gritava — e isso doía mais. A sua frieza era calculada. Um veneno servido com elegância.

 

“Você nunca entendeu, não é?”, foi o que eu consegui ouvir com clareza. E ali estava tudo. Sua decepção, sua raiva, seu desprezo velado.

 

Talvez eu não tenha entendido. Ou talvez tenha entendido cedo demais, mas esperei que você mudasse. Esperei que o calor do meu afeto derretesse o gelo dos seus olhos. Mas não derreteu. Só me queimou.

 

Naquele momento, percebi que não era apenas um coração sangrando — era uma ilusão morrendo. E quando uma ilusão morre, ela leva com ela todas as pequenas esperanças que a sustentavam.

 

Dei um passo para trás. Não como quem foge, mas como quem se liberta. Não disse nada. Apenas olhei para você uma última vez — não com mágoa, mas com um estranho sentimento de luto.

 

O amor, se é que foi amor, havia se afogado naquela tempestade.

 

E eu, encharcado por fora e por dentro, finalmente comecei a caminhar.
Cada passo era pesado, mas necessário.

Porque às vezes, o que mais dói é o que mais ensina.

14 maio 2025 (12:43)